Porque é tão importante tomar vitamina D durante a gravidez?
Mulheres grávidas muitas vezes têm baixos níveis desta vitamina
A deficiência de vitamina D durante a gravidez tem sido associada ao aumento do risco de várias complicações maternas e fetais, tais como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, prematuridade ou baixo peso ao nascer.
O interesse pela vitamina D tem aumentado nos últimos anos devido à sua associação, não só com o metabolismo do cálcio, mas também com o desenvolvimento de doenças infeciosas, doenças autoimunes, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. Esta preocupação está a aumentar à medida que vários estudos descobrem que os baixos níveis de vitamina D em populações saudáveis é mais comum do que o esperado.
A causa mais importante da hipovitaminose D é a falta de exposição solar, pelo que em países mediterrânicos como Portugal, com muitas horas de sol ao longo do ano, este problema dificilmente deveria existir. No entanto, estudos realizados confirmam que há insuficiência de vitamina D em adultos saudáveis, crianças e mulheres grávidas.
Baixos níveis de vitamina D e complicações na gravidez
Durante a gravidez, a deficiência de vitamina D tem sido associada ao aumento do risco de várias complicações maternas e fetais. O desenvolvimento da hipertensão gestacional e da pré-eclâmpsia (pressão arterial alta e proteína na urina) em mulheres grávidas com baixos níveis de vitamina D tem sido amplamente estudado, com um risco cinco vezes maior de pré-eclâmpsia descrito em mulheres grávidas com níveis de vitamina D inferiores a 50 nmol/l. A diabetes gestacional, o desempenho de uma cesariana na primeira gravidez, o parto prematuro e o baixo peso à nascença também foram ligados à hipovitaminose D.
Suplementos pré-natais ajudam
A suplementação com vitamina D durante a gravidez está associada ao aumento dos níveis de vitamina D e ao aumento do peso e altura fetal à nascença, de acordo com as recentes meta-análises. Atualmente, as recomendações das sociedades médicas mais recentes identificam como dose diária adequada de Vitamina D na gravidez entre as 10-15 mcg (400-600 UI).
Mas não será suficiente a suplementação com uma dose mais baixa de Vitamina D na gravidez?
Estudo sobre vitamina D e gravidez em Madrid
Para responder a essa questão, utilizemos como exemplo o estudo desenvolvido no Hospital La Paz (Madrid), onde os hábitos e condições climatéricas da região são em muito semelhantes à realidade em Portugal.
Neste estudo, entre março de 2012 e fevereiro de 2014, os níveis séricos de vitamina D foram medidos a um total de 227 grávidas: 130 (57%) gravidezes únicas e 97 (43%) de gémeos:
- Nenhuma das mulheres grávidas era fumadora, obesa (Índice de Massa Corporal superior a 30 kg/m2), hipertensiva ou diabética.
- Todas receberam uma formulação multivitamínica com uma dose diária de vitamina D3 (colecalciferol) de 5 mcg/dia durante pelo menos três semanas antes da medição do nível de vitamina D.
- Os níveis de vitamina D foram medidos no final do primeiro trimestre de gravidez (entre 12 e 14 semanas). Foram classificados como normais (> 30 ng/ml), insuficientes (entre 15 e 30 ng/ml) e deficientes (menos de 15 ng/ml).
Os níveis médios de vitamina D do grupo estudado foram de 21,25 ± 9,01 ng/ml, o que é insuficiente. Apenas 11% (25/227) das grávidas tinham níveis adequados ou normais de vitamina D, enquanto 63% (143/227) tinham níveis insuficientes e 26% (59/227) tinham níveis deficientes.
Resultado: grávidas em Madrid têm deficiência de vitamina D
Com os resultados deste estudo podemos concluir que:
- Demonstrou-se a existência de défice de vitamina D na população de mulheres grávidas da zona norte de Madrid
- A suplementação com 5 mcg/dia de Vitamina D demonstrou não ser uma dose suficiente para colmatar este défice.
Estas conclusões vieram ainda desmistificar a ideia de que numa região privilegiada com sol durante grande parte do ano não haveria défice de vitamina D, provando exatamente o contrário. Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de vitamina D em gravidezes únicas e gemelares.
Que mulheres grávidas são aconselhadas a pedir um estudo dos seus níveis de vitamina D
Idealmente, todas as mulheres grávidas deveriam medir os seus níveis séricos de Vitamina D. De qualquer forma, nas mulheres grávidas com maior risco de hipovitaminose D, como obesas, com fatores de risco para pré-eclâmpsia (pré-eclâmpsia na gravidez anterior, síndrome antifosfolipídica, hipertensão crónica, entre outras), com pouca exposição solar, mulheres que foram submetidas a cirurgia gastrointestinal, mulheres de etnia negra, mulheres árabes que usam roupas que cobrem a maior parte do seu corpo, grávidas com mais de 35 anos, doentes com doenças infeciosas (como o HIV) e nas mulheres grávidas de gémeos deveria ser um procedimento standard, logo no início da gravidez.
É importante salientar que os níveis normais de vitamina D nem sempre impedem o desenvolvimento de hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional ou baixo peso à nascença, pois existem outros mecanismos fisiológicos que também desencadeiam estas complicações obstétricas.
Alimentos ricos em vitamina D para grávidas
É sempre importante seguir uma dieta que inclui, entre outros nutrientes, alimentos com vitamina D. No entanto, a mesma não é suficiente para atingir o aporte nutricional recomendado na gravidez (entre 10-15 mcg).
Não há muitos alimentos que contenham vitamina D em quantidades significativas, mas deixamos-lhe algumas ideias de alimentos que deve incluir nos seus menus:
- Ovos (especialmente a gema)
- Leite
- Manteiga, queijo, iogurte e outros produtos lácteos
- Legumes: ervilhas verdes, cogumelos, abacate
- Peixe (pequeno ou médio): sardinhas e salmão
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